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INOVAÇÃO NA CHINA É QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Data de publicação: 2 de setembro de 2019. Categoria: Notícias mais recentes

MARK GREEVEN PARTICIPOU DE UM EVENTO REALIZADO POR ÉPOCA NEGÓCIOS NESTA QUINTA-FEIRA (29/08) (Foto: RAFAEL JOTA – Pequenas Empresas e Grandes Negócios)

A China é um país inovador? Hoje, muitas pessoas respondem que sim. Afinal, o país fica atrás apenas dos Estados Unidos quando o assunto é formar empresas e startups inovadoras, e é responsável por 50% de todos os unicórnios do mundo. Não era assim 10 ou 15 anos atrás.

O professor de inovação e estratégia da escola suíça IMD, Mark Greeven, mudou-se para o gigante asiático em 2005 para estudar como os chineses lidam com a inovação. Mais de uma década depois, ele defende que ainda há pouco conhecimento sobre as empresas locais. O ecossistema empreendedor chinês, diz ele, vai muito além de empresas como Alibaba, Baidu e Huawei.

Nesta quinta-feira (29/08), Mark participou de um evento promovido por Época NEGÓCIOS, com apoio do Cubo Itaú. Ele explicou como as empresas chinesas impulsionam a inovação nos negócios dentro de um contexto de constantes mudanças, e colocou a grande questão: a inovação na China é sustentável no longo prazo?

Sandra Boccia, diretora de redação de Época NEGÓCIOSe de Pequenas Empresas & Grandes Negócios, falou da importância de “entender o mindset dos empreendedores chineses, que é tão diferente dos empreendedores brasileiros”. Já Renata Zanuto, co-head do Cubo Itaú, que acabou de voltar de uma expedição no país asiático, falou que ficou impressionada com o avanço da tecnologia. “Quando vamos para outras regiões, mesmo o Vale do Silício, falamos sobre tendências. Na China, vemos tudo na prática”.

Segundo Mark, o primeiro ponto importante para entender é que a China passou por grandes mudanças nos últimos anos, além do forte crescimento econômico. Se, há 40 anos, toda a economia era gerida pelo Estado, hoje 70% da economia chinesa é impulsionada pelo setor privado. “Muitas coisas mudaram no caminho, e empreender passou de uma atividade ilegal para algo a ser incentivado”, diz Mark.

“Com tantas mudanças, é imperativo inovar e continuar se reinventando na China”. Nesse cenário, há vantagens, como o tamanho do mercado, que permite operações de grande escala, a infraestrutura de transportes e de produção, a disponibilidade de talentos e capital, além da facilidade de se abrir um negócio. Por outro lado, algumas mudanças nos últimos anos mudaram o ecossistema. A concorrência é acirrada no país e a mão de obra já não é barata como costumava ser no passado.

Questionado sobre a grande quantidade de mulheres em posições importantes em empresas chinesas, Mark afirmou que isso realmente acontece, apesar de a sociedade chinesa ser machista. “Mas existe uma apreciação da mulher no mundo do negócios. Não é tabu nas empresas privadas. Ali o que importa é ser competitivo, o gênero não conta. Eu diria que há igualdade de gênero nas empresas”.

Sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China, Mark afirmou que a o país asiático tem outras alternativas para continuar crescendo, além do mercado norte-americano. “O mundo é maior do que os Estados Unidos. Há 200 milhões de pessoas no Paquistão, há grandes mercados na África, na América do Sul”.

Mark separa as empresas chinesas em quatro categorias: as pioneiras, as estabelecidas de nicho, as novas empresas que trabalham em nicho e as novas de massa.

Pioneiras
A categoria reúne as empresas mais conhecidas pelo público ocidental: Alibaba, Tencent, Huawei, Geely. “São campeãs globais em suas indústrias”, diz Mark, que estima serem entre 30 e 40 empresas. Exemplo disso é a Geely, fundada por Li Shufu. O empreendedor começou sua carreira vendendo geladeiras, passou a fabricar motos, mas sua intenção era produzir carros. Com dificuldades para conseguir uma licença do governo para isso, conseguiu emprestar a licença de uma prisão que fabricava veículos, em 2000. Dez anos depois, comprou a Volvo. “Ele continuou se reinventando, o que é muito comum entre as empresas chinesas. Eles têm uma grande visão, e fazem de tudo para chegar lá. Li mostrou que isso funciona, mesmo em indústrias complexas”, diz Mark.

Campeãs escondidas
Estabelecidas já há algumas décadas, não são conhecidas pelo grande público. Trabalham em mercados de nicho, mas são investem pesado em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia. “Normalmente não são as empresas que contratam os melhores alunos das melhores universidades, mas contratam os alunos de universidades menos conhecidas e os treinam para que sejam ótimos funcionários”, diz Mark. São famosas em seus setores – e muitas vezes líderes de mercado. Exemplo disso é a Royole, que fabrica displays dobráveis para touchscreen, usados em celulares dobráveis, entre outros produtos. São cerca de 200 empresas nessa categoria, segundo cálculo do especialista.

Novas empresas de nicho
Em sua maioria, fundadas por empreendedores que estudaram ou trabalharam nos Estados Unidos e na Europa. Focadas no segmento B2B, são “preocupadas com o produto, nem tanto com a história que contam”. Essa categoria é a que reúne o maior número de empresas: são 150 mil, segundo Mark. Aqui também se concentram grandes oportunidades. “Como são pouco conhecidas, são subvalorizadas – mas acabam sendo foco de investimentos dos pioneiros chineses”. Mas engana-se quem acha que é fácil encontrar essas oportunidades. Segundo Mark, muitas dessas empresas sequer têm sites.

Entrantes do mercado de massa
Boas em contar histórias, têm modelos de negócios inovadores, mas a tecnologia nem sempre chama a atenção, diz Mark. “Elas focam no segmento digital, operam em setores como educação, saúde e transportes, aplicando tecnologias digitais”, explica Mark. Um grande exemplo dessa divisão é a Didi. Muitas dessas empresas (cerca de 200, atualmente), contudo, ainda não são lucrativas.

Fonte: Pequenas Empresas e Grandes Negócios

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