Pesquisadores investigam dinâmicas de contágio da COVID-19 em Fortaleza; pico ocorrerá ainda em maio
Data da publicação: 13 de maio de 2020 Categoria: Notícias mais recentesNo contexto da crise sanitária e socioeconômica global provocada pelo novo coronavírus, cientistas de todo o mundo têm se unido para formar redes de combate à COVID-19. Não haveria de ser diferente na Universidade Federal do Ceará, que também contribui para conhecer mais a fundo a doença, buscando soluções para seu enfrentamento. No Centro de Tecnologia da UFC, um grupo de trabalho realiza uma série de estudos para analisar a disseminação do coronavírus na Região Metropolitana de Fortaleza. Dessas pesquisas, participam representantes dos Departamentos de Integração Acadêmica e Tecnológica (DIATEC), de Engenharia de Teleinformática (DETI) e de Engenharia Elétrica (DEE).
Segundo o Prof. Antonio Paulo Cavalcante, docente do DIATEC, presidente do Comitê de Uso e Ocupação do Solo do PARTEC/UFC e um dos coordenadores da pesquisa “Estudo da influência das condições climáticas e socioespaciais para contágio da COVID-19 em Fortaleza”, fatores como densidade populacional, uso e ocupação do solo e índice de desenvolvimento humano (IDH) são importantes para se entender como o coronavírus tem se comportado localmente. A esses aspectos socioespaciais, estudados em diversos bairros da capital cearense, foram adicionadas informações como condicionantes ambientais de precipitação, umidade, temperatura e velocidade dos ventos.
Na pesquisa, foram detectados territórios possivelmente mais atingidos pela pandemia, com a síntese de dados disponibilizados pelo Governo do Ceará, por meio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME) e da plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde. Entre as áreas da cidade com maiores taxas potenciais de contaminação, o estudo apontou, inicialmente, os bairros Aldeota, Cais do Porto, Vicente Pinzón, Praia do Futuro, Moura Brasil, Barra do Ceará, Canindezinho, Centro, Cristo Redentor, Edson Queiroz, José de Alencar, Presidente Kennedy, Papicu e Vila Velha.
“Com as informações mapeadas, será possível acompanhar diariamente no espaço e no tempo quando, como e onde estão os casos suspeitos, contaminados, recuperados e óbitos. Essa informação pode ajudar os gestores a agir no monitoramento e controle de ações sanitárias”, comenta.
PREVISÕES – Uma outra frente de pesquisa vem sendo coordenada pelo Prof. André Lima Férrer de Almeida, do DETI, e se insere no contexto de ações em grupo de trabalho de pesquisadores do Centro de Tecnologia da UFC e do Observatório da Indústria, da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). André de Almeida desenvolveu o Sistema de Monitoramento Preditivo (SIMOP), modelo matemático inovador que acompanha a evolução da COVID-19 na capital cearense. O sistema incorpora casos assintomáticos, taxa de testagem, hospitalizações, saturação dos leitos e impacto das subnotificações. O SIMOP foi calibrado a partir de uma janela temporal de 35 dias, situados entre 15 de março e 20 de abril, lançando mão de dados da plataforma IntegraSUS.
Segundo o pesquisador, analisando somente casos confirmados, o pico de infecção do coronavírus em Fortaleza e no Ceará ocorrerá na segunda quinzena de maio, com estabilidade de casos em junho e diminuição nos meses seguintes. Ao considerar a soma de casos suspeitos e confirmados, o pico da doença se antecipa para o fim da primeira e ao longo da segunda semana do mês. As previsões do SIMOP contemplam tanto cenários otimistas, nos quais a capacidade hospitalar instalada consegue atender a população, como os piores cenários, em que há colapso do sistema de saúde. O cientista alerta que pode haver mudanças no quadro de saúde pública de acordo com as taxas de isolamento social, o aumento de testes na população e a disponibilidade de leitos.
“Esse modelo captura todas essas características, e acreditamos que, com essa maior riqueza na descrição das dinâmicas importantes da pandemia, poderemos fornecer às autoridades mais informações relativas a essas projeções. A ideia é que as autoridades públicas e os gestores do sistema de saúde seja informados com certa antecedência para que possam ser tomadas medidas no sentido de contornar ou minimizar os efeitos da pandemia”, afirma o Prof. André de Almeida.
Confira o vídeo explicativo do SIMOP:
https://www.youtube.com/watch?v=Smxzknu3Qns&feature=emb_logo
Fontes: PORTAL UFC